18 de nov. de 2010

Um conto.

Enquanto ele anda num chão esburacado, em altos e baixos e quedas; ela anda num solo duro de nuvens de um jeito suave, mas tão determinado, tão ciente de si que quase nos confunde com agressividade, mas é suavidade determinada.
Ela diz que não leva jeito com as palavras, confunde gostar com amar, casar com namorar e acha que é tudo igual. O que são palavras perto do que eu sinto?
Ele fica puto. grita, xinga, manda se fuder e pede perdão. Ela ganha sempre.
Ela sempre vai ganhar, porque ele rasgou seu peito com as próprias unhas só para ela ver seu coração batendo. Porque ele, quando fala difícil, tenta disfarçar suas fraquezas. Porque ele é fraco. Ela, não. Ela tem aquele jeito doce que dá vontade de morder e matar e morrer por ela.
Ela vai sempre levá-lo no bico. Ela vai sempre bebê-lo como água. Ele terá que mastigá-la muito para tentar engolí-la. Ele só pensa. Pensa e chora. Pena e implora para ela o perdoar, porque ele foi grosso. Mas não era ela quem tinha errado primeiro? Não sei mais! Foda-se quem errou. Eu quero ela, eu amo ela, eu preciso dela pra ser mais eu.
Eu me encontrei no peito dela. Eu durmo bem quando ela está comigo. Quando a respiração dela canta nos meus ouvidos. Quando o calor do corpo dela me faz suar.
Ela constrói a ponte que leva esse corpo sadio, mas cansado pra lá. É ela quem constrói a ponte. Ela nem sabe que faz isso. Ele nunca vai confessar que ela constrói o caminho pra ele pisar firme, porque ela é segurança. Ela é. Ele sente.

Meu mundo ficaria completo (com você).