29 de mai. de 2010

Eu sinto sua falta todos os dias

Estou aqui, num dos finais de semanas mais solitários dos últimos tempos, assistindo a um filme que se chama "Estão todos bem".

Ainda estou no começo do filme, mas resolvi pará-lo para escrever aqui, porque é assim que eu funciono. Se a emoção me inunda, eu deságuo aqui.

O filme conta a história de um pai que esperava todos os filhos para um final de semana, mas todos cancelaram a vinda - por conta das vidas muito atribuladas - de última hora.

Eu chorei baldes com isso. Chorei porque eu moro longe dos meus pais e sou a pessoa que mais cancela as visitas por conta de uma vida atribulada.

Eles sempre me entendem, eles sempre me dão força e eu sempre fico bem comigo, pois sinto que, como eles realmente compreendem que levo uma vida um pouco cansativa, não preciso ficar com peso na consciência. Fiquei agora. Fiquei ao ver essa cena de um pai triste porque os filhos não vêm.


Eu falo diariamente com a minha mãe, o que me aproxima muito dela. Fora isso, eu nunca tive muitos problemas com ela. A gente sempre se deu e sempre fomos carinhosas uma com a outra.

Com meu pai a coisa sempre foi diferente: brigávamos diariamente, ele queria que eu fizesse coisas que eu não queria fazer, queria que eu estudasse, quando eu queria sair, obrigava a comer comidas que eu detesto e outras coisas a mais.


Depois que eu saí de casa, passei a valorizar mais minha família e a me dar melhor com meu pai. Ele se tornou uma outra pessoa. Ele é tão dócil e carinhoso comigo agora... Justo agora, que ficou mais fácil amá-lo, eu o vejo menos e o faço para priorizar a faculdade, o trabalho, o namoro, mas acho que ele vale muito mais a pena, sabe?


Hoje, ao invés de eu estar aqui em casa, lendo os livros para a minha Iniciação Científica, eu queria estar com ele, mesmo que ele estivesse dormindo, eu só queria estar por perto, poder ouvir o ronco dele, poder acordar ouvindo ele tagarelar na cozinha. Coisas assim... fáceis, triviais.


Às vezes, eu queria voltar no tempo e fazer escolhas diferentes. Não tenho muita certeza se as coisas valeram a pena... Eu lamento muitas coisas e não devia ser assim.

Acho que com 24 anos, deveria carregar menos peso no meu coração. Deveria ser mais tranquila e bem resolvida, mas a saudade que eu sinto de toda a minha família é foda.


É foda ter a mãe no Rio de Janeiro, o pai, o irmão e o cachorro no interior de SP, sendo que os 4 estão a cerca de 6 horas de mim. Eu quase não falo com meu pai, pois nós dois temos pouca grana pra ficarmos nos ligando e não usamos recursos como skype e msn. Isso só agrava a saudade que eu sinto dele e de falar com ele.

Sinto falta até dos esporros! Que merda isso!


Minha mãe sabe o quanto eu a amo e sinto a falta dela, mas meu pai não sabe. Acho que meu pai nem imagina, mas eu penso nele todos os dias sem falta e de forma, muitas vezes, involuntária. É um ato instintivo do meu coração pensar nele e na minha mãe e no meu irmão.


As pessoas acham que eu sou um monolito. Pensam que eu sou inabalável, porque sou muito enérgica, tenho uma personalidade forte, falo palavrões pacas, e me imponho sempre que julgo necessário, mas, na verdade, sou frágil e impulsiva - como registra a minha tatuagem no pulso. Tenho medo de errar, tenho medo de decepcionar meus pais, tenho medo de fazê-los sofrer, tenho medo de que eles se sintam sozinhos, porque não estão sozinhos! Eu penso neles sempre!


Essa coisa de passar o dia lendo, sem falar com ninguém deixa a gente mais emotiva.


Desculpem-me pelo desabafo, mas eu precisava falar isso: pai, sinto sua falta todos os dias e tenho registrado em minha memória a sua imagem dormindo na minha sacada! Foi um dos meus melhores dias em São Paulo. Acho que foi um dos meus melhores dias, porque a sua presença aqui humanizou a cidade, deixou-a mais riopretense, mais "lar" que "casa".


Amo tanto que não caibo em mim e transbordo nesse blog. Mas não pego o telefone pra ligar... Vai me entender...