23 de abr. de 2009

Espreguiçando no destino?

A verdade é que eu sou humana, demasiadamente humana.
Tenho altos e baixos incríveis!
Credito esse problema ao fato de eu não me conhecer ainda. Eu trabalho com algo em que não consigo me projetar por mais de dois anos suportando... Não é minha praia...
Tem hora que eu só quero ganhar na mega-sena (sou tão excêntrica, não?) e fazer o que eu quiser!
Porra, tem coisa demais pra eu viver! Tem certeza que eu tenho que ficar naquele escritório preocupada com os outros e não comigo?
Tem certeza que eu quero passar seis horas do meu dia sentada? Que eu quero resolver problemas alheios?
Estou vivendo uma adolescência prolongada, pois, apesar de morar sozinha há tempos, sou muito dependente e ainda não sei o que quero para mim.
Quero ganhar na mega-sena. Quero ser lembrada. Quero o Victor, como eu o quero! Quero viver para escrever, para costurar, para maquiar, quero coisas triviais para mim!
Não preciso de multinacionais, sabe?
Eu sou meio hippie às vezes... Sossego...
Não é a cidade que me contamina. Eu tenho desenvolvido uma alergia psicológica e sentimental à Sampa, mas quem a está desenvolvendo SOU EU - só precisava admitir isso.
Eu tenho feito dos meus dias uma rotina - como a maioria faz - que vai me conduzindo para a marginalidade mental.
Minha criatividade está cada vez mais destreinada e desterrada.
Meus livros estão no aguardo entre um Bakhtin e um Paulo Freire.
Fiz Letras para viver da leitura de minhas paixões, mas o que eu amo não está previsto em nenhum curso!
Cadê Roberto Freire? Ele é genial!
Cadê Art Spiegelman?
Cadê Sartre?
Cadê meus queridos filósofos?
Por incrível que pareça, não há Filosofia no curso de Letras. Estamos sendo "criados" para sermos rebanho, jamais pastores.
Maldita hora que eu fui para uma universidade confessional... Mas na Unesp não tinha tudo o mesmo cheiro de bosta?
Na verdade uma alma descontente não se contenta com o laico, nem com o confessional... Perco tempo idealizando.
Coisa de gente mimada.
É coisa de gente mimada não saber o que quer ou é coisa de gente?
Tem gente que me enche de merda só de ouvir a voz. Puta que me pariu! Por que não paga logo o que me deve, daí não tenho mais que ouvir sua voz!
Leiam Cléo e Daniel (Roberto Freire) e me digam: o que é amor pós-Roberto Freire?
Ele ainda existe? Só existe a partir daí? Ele morreu?
Eu amo.

7 de abr. de 2009

Se eu fosse Deus....

Ontem eu sofri um assalto. Não, não estou confundindo furto com roubo. O rapaz estava com uma arma cortante que eu não ver o que era, mas pude sentí-la logo abaixo do meu estômago e um pouco mais para a direita.
Além da faquinha - ou canivete ou qualquer outra coisa - tive que aguentar uns três tapas fortes em minha cabeça, empurrões e muitos, mas muitos xingamentos da parceira de crime do rapaz que estava com o canivete.
Ainda bem que não fizeram nada de mais, não me machucaram, não levaram coisas de muito valor, apenas um celular que tinha um certo valor sentimental por motivos meus, mas que não faz mal.
Eu chorei um tempão. Estava esperando o ônibus depois de um dia relativamente cansativo de trabalho e faculdade, preocupada com trabalhos, projetos e provas a serem feitas, de repente chegam duas pessoas cujos objetivos de vida são: roubar pessoas no ponto de ônibus.
Roubar de um jeito maldoso, querendo humilhar.
No ônibus não chorei, me fiz de forte o quanto pude, mas quando cheguei em casa, eu fracassei.
Estava transpirando São Paulo pelos poros. A cidade cinza que tanto permeia meus textos, crônicas e sonhos. A cidade que me deu e despedaçou sonhos. Uma cidade que maltrata pulmões e bolsos, narizes e emoções. Cidade que gera mais mendigos que dinheiro. Cidade que inventou a "síndrome do pânico", o trânsito, o "estresse", a "depressão" e, concomitantemente, a Augusta e seus modernos frequentadores e os sujos shows de rock, as cocotas do Iguatemi, o "bilhete único" e o "corredor de ônibus".
Sinto falta do interior... Por mais que eu não suportasse a ideia de morar em Rio Preto, a ideia de continuar na capital paulista me parece assustadora, mais que isso, me parece suicida.
Não sei qual é a taxa de suicídios em São Paulo, mas me lembro de 5 casos de pessoas que pularam na frente do metrô.
Não, não quero me matar e nem quero que esse post, depois de tanto tempo de silêncio no antigo blog tequileiro, seja depressivo. A questão é que às vezes eu não consigo lembrar porquê estou aqui. Juro que tento me lembrar e não consigo.
Sei porque vim, acho que quem olhar rapidamente os post mais antigos descobrirá rapidamente, mas não sei por quê permaneço.
Odeio lembrar as coisas que vivi aqui. Odeio lembrar alguns nomes de algumas pessoas perdidas que - graças a mim - perdi.
Não gosto de lembrar do apartamento da Alameda Barros. Gosto de muitas coisas no meio da fumaça de ressentimento e poluição.
Ontem eu senti que o mundo tinha que acabar a começar de novo. É uma ideia infantil, estúpida, mas se eu fosse Deus iria analisar a ficha de cada ser vivente e ver se ainda vale a pena.
Parece que a humanidade se reinventou tanto para chegarmos a idade do medo.
Se eu fosse Deus... É por isso mesmo que não sou...