7 de out. de 2011

Sem mais.

26 de jul. de 2011

Um texto antigo

Achei esse texto perdido nos meus documentos. Foi um exercício para uma matéria da faculdade... Estava sem criatividade e peguei um texto antigo aqui do blog, remodelei e pronto!

Fenomenologia do Abandono

Li há pouco, num portal de notícias qualquer, que 65 mil maranhenses tiveram que abandonar suas casas devido à enchente que castiga o estado há dias. Eles, os 65 mil, estão desabrigados, praticando vários tipos de abandono.

Eu tenho exercido o abandono há anos! Virou quase uma oração – aquela que se faz todos os dias antes de dormir ou acordar -, ou um hobby. Abandonar projetos, pessoas, fotos, fatos, lembranças, saudades, cachorros, objetos velhos...

Abandonar é difícil, mesmo quando se sabe que abandonar é tudo que se tem. É tudo que se pode ser e oferecer naquele momento. Desde que me dou por gente, eu abandono – primeiro foi o traumático abandono do calor da barriga da minha mãe, depois o peito, então a chupeta, a mamadeira e o dedo, a fralda, os avós, o berço, o colo, a amarelinha, colegas, casas, cidades. Um longo caminho para deixar de ser o que era e me tornar o que sou.

Parece que em minha vida o verbo abandonar é tão presente quanto ser, sorrir, chorar, mudar...
Eu estou dando um tom que não é o que eu queria pra essa crônica, mas como escrevo por fluxo de consciência, dou o tom que estou, senão eu desafino.

Você ainda não sabe, mas eu abandonei a faculdade uma vez. Cursava Letras, na Unesp, e posso dizer que não era assim “uma Brastemp”, mas para minha família era melhor do que cursar o mesmo curso no Mackenzie.

Acabei entrando lá por falta de opção. Gostava de literatura, venho escrevendo diversos tipos de textos a vida toda e tenho uma necessidade saudável de ensinar, porém sempre me achei melhor do que o curso de Letras, mas pior que os demais. Então, foi assim, por uma parca identificação que nos encontramos.

No mesmo ano em que comecei o curso, percebi que não pertencia àquela estirpe hippie-universitária, mas decidi entrar na dança: comprei saias indianas, rasteirinhas e muitos brincos e anéis de côco – uma verdadeira volta ao inexistente Woodstock tupiniquim.

Me inseri entre eles e, tentando ser igual para não chamar a atenção para minha abissal discrepância ideológica (era rockeira inveterada e abominava hippies), virei o tópico de grande parte das conversas. Em pouco tempo a faculdade inteira me conhecia por atos e imagens boas na maioria (e uma minoria de coisas nem tão boas assim).

Nesse processo de inserção, abandonei minha identidade. Nada grave naquele momento, no entanto, no terceiro ano de curso, quando eu estava imersa de fato no campus, transpirando o unespiano way of life, recebo um convite para retomar um dos meus ideais – uma banda de rock. A proposta era ir para São Paulo com a banda que tinha o Kiko Zambianchi como produtor. Foi um convite para o fim da prática do abandono. Iria voltar para o lugar ao qual sempre pertenci – palcos, rock e pouco sono.

Meus pais fizeram o papel de pais e pediram para eu não desistir da Unesp. Eu fiz papel de filha adolescente e desisti. Entenda – não abandonei na época, desisti. Não por falta de coragem na época, mas por excesso. Não tive medo de ficar sem Letras e Unesp, mas medo de não aproveitar uma oportunidade única.

Descobri pouco tempo depois que abandonei, naquele dia em que decidi largar a faculdade, uma das coisas mais importantes da minha vida (importante porque, algumas vezes, tive vontade de pedir desculpas pra caixinha de decisões e retomar minha vida anterior): um estágio com um orientador fantástico e uma entre as várias opções de possíveis histórias da minha vida. No entanto, só abandonei porque tinha um sonho e nele não cabia aquela história, nem aquela faculdade.

A banda não deu certo. O sonho acabou (o que não me tornar menos inspirada para sonhar) e meu contrabaixo – eu sou/era baixista – não faz nada vibrar há quase um ano.

Demorei um bom tempo para abandonar meu orgulho e conseguir assumir em palavras toda essa estética do desperdício. É muito difícil assumir fracassos, entender as perdas e explicar o abandono.

Abandonar faz parte da extensa gama de verbos que envolvem o escolher, pois quando se escolhe algo, inevitavelmente, abandona-se outra coisa. Abandonar é fazer uma escolha com sentimento. É um ato de egoísmo sadio: nós só abandonamos quando vemos que algo não precisa mais de nós. Isso dói e com a dor, aprendo.

Abandonar faz parte do aprendizado e é um ato de bravura! Machuca abandonar... Tem de ter ou muita coragem ou muita falta dela. Eu não sei até agora se eu tive muita coragem ou pouca. Eu sei que, se eu não largasse a faculdade, o orientador, eles iam me largar - era uma questão muita séria, não tinha carnaval, nem cores, nem serpentinas; era só o salão sujo e o gosto de ressaca...
 
O abandono não é samba, nem choro. Não se pinta, não se enfeita, não se despe de nenhum sentimento. Abandonar é tristeza e alívio. É dúbio, é sinestésico. É a pele pálida de entender que ser humano é ser abandono.

8 de mai. de 2011

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH

Eu sei quem eu sou. Eu sei. Eu tenho dúvidas, muitas dúvidas, mas não sobre quem eu sou.
Ando muito triste com algumas coisas e isso tem tornado tudo muito difícil. Acabo tendo dúvidas sobre mim...

Ando mais calada sobre meu íntimo. Ando chateada... Normal falar menos sobre nós mesmos, certo?

É muita confusão mental e emocional para pouco tempo! Não dá! Me deixa!

Estou cansada de gente. Queria um pouco de silêncio, porque eu sou toda barulho, toda gritos, toda intensa - mania de querer engolir a vida de uma única vez como se eu fosse morrer no minuto seguinte.

Por exemplo, agora, um grito imenso, intenso, avassalador ecoa fundo dentro do meu peito. Daí, eu calmamente ligo o notebook, abro o navegador, entro aqui e escrevo para ver se o grito sai de mansinho de mim; se me deixa abrir a porta para eu voltar pro meu equilíbrio; se me deixa voltar a saber quem eu sou, porque de repente o chão firme virou areia movediça.

O grito não saiu. Puta que pariu! Ele não sai! Banho! Vou tomar um banho para ver se ele escoa com a aguá.

Medo de mim.

5 de mai. de 2011

Da sessão "Cartas Nunca Enviadas..."

Cuidado! A Traíra (Hoplias sp.) pode ser danosa a sua saúde.
 Pessoa mais imbecil évah,


Gostaria de lhe parabenizar pelo sucesso do uso do Combo Distúrbios Psiquiátricos! Você tem desenvolvido um incrível trabalho social ao divulgar para seus colegas e demais pessoas de seu convívio diário o que é a Psicose, a Bipolaridade, a Depressão, os Distúrbios de Humor e de Alimentação, além da indispensável e gloriosa Esquizofrenia!

Um dia eu escrevi um post em sua "homenagem" aqui nesse espaço oco que é o meu blog, mas eu o exclui. Ele deixou de fazer sentido.

Na verdade, essa carta não faz sentido já que decidi que não tenho mais laços com você. Como meus pais me criaram bem, continuarei sendo polida - o que não inclui: dar ideias para lhe ajudar no seu trabalho, fazendo com que você pareça melhor do que você é; conversar sobre amenidades; ouvir seus desabafos longos, tediosos e egocêntricos; ou aceitar suas caronas já que elas só servem para que você faça o item imediatamente anterior.

Como a maioria das pessoas desse mundo, eu não gosto de pessoas com disfunção de valores éticos. Não gosto de quem mente para ou sobre mim, de quem é artificial, de quem é lento, de quem é falso e de quem só pensa e age para obter vantagem. Não sou santa, não sou perfeita, mas sou ética. Sei que esse discurso é piegas para você que não sabe o que é isso, mas que se foda. Caguei pra sua opinião. Caguei pras suas doenças físicas e mentais.

Não vou tentar lhe prejudicar, pois você é especialista em auto-sabotagem. Não vou xingar muito no twitter, nem te deletar do meu FB (confesso que havia ocultado suas atualizações antes mesmo de saber que você era tão falsa, porque, além disso, você é desinteressante, cansativa e cita Caio Fernando Abreu de forma descontextualizada, com pontuação errada e sem saber quem ele é...)... Acho que você é "apenas um rapaz latinoamericano", não é?

Eu queria falar tanta merda pra você, mas tô com sono...

Que a terra lhe seja leve.

Ass.
R.M.N.

P.S. Conviver com você e com a pessoa-mais-maldosa-e-solitária-évah me ensinou que compaixão é um erro, que Nietzsche estava certo e que a tautologia "amigo é amigo, filho da puta é filho da puta" faz muito sentido sempre.