7 de abr. de 2009

Se eu fosse Deus....

Ontem eu sofri um assalto. Não, não estou confundindo furto com roubo. O rapaz estava com uma arma cortante que eu não ver o que era, mas pude sentí-la logo abaixo do meu estômago e um pouco mais para a direita.
Além da faquinha - ou canivete ou qualquer outra coisa - tive que aguentar uns três tapas fortes em minha cabeça, empurrões e muitos, mas muitos xingamentos da parceira de crime do rapaz que estava com o canivete.
Ainda bem que não fizeram nada de mais, não me machucaram, não levaram coisas de muito valor, apenas um celular que tinha um certo valor sentimental por motivos meus, mas que não faz mal.
Eu chorei um tempão. Estava esperando o ônibus depois de um dia relativamente cansativo de trabalho e faculdade, preocupada com trabalhos, projetos e provas a serem feitas, de repente chegam duas pessoas cujos objetivos de vida são: roubar pessoas no ponto de ônibus.
Roubar de um jeito maldoso, querendo humilhar.
No ônibus não chorei, me fiz de forte o quanto pude, mas quando cheguei em casa, eu fracassei.
Estava transpirando São Paulo pelos poros. A cidade cinza que tanto permeia meus textos, crônicas e sonhos. A cidade que me deu e despedaçou sonhos. Uma cidade que maltrata pulmões e bolsos, narizes e emoções. Cidade que gera mais mendigos que dinheiro. Cidade que inventou a "síndrome do pânico", o trânsito, o "estresse", a "depressão" e, concomitantemente, a Augusta e seus modernos frequentadores e os sujos shows de rock, as cocotas do Iguatemi, o "bilhete único" e o "corredor de ônibus".
Sinto falta do interior... Por mais que eu não suportasse a ideia de morar em Rio Preto, a ideia de continuar na capital paulista me parece assustadora, mais que isso, me parece suicida.
Não sei qual é a taxa de suicídios em São Paulo, mas me lembro de 5 casos de pessoas que pularam na frente do metrô.
Não, não quero me matar e nem quero que esse post, depois de tanto tempo de silêncio no antigo blog tequileiro, seja depressivo. A questão é que às vezes eu não consigo lembrar porquê estou aqui. Juro que tento me lembrar e não consigo.
Sei porque vim, acho que quem olhar rapidamente os post mais antigos descobrirá rapidamente, mas não sei por quê permaneço.
Odeio lembrar as coisas que vivi aqui. Odeio lembrar alguns nomes de algumas pessoas perdidas que - graças a mim - perdi.
Não gosto de lembrar do apartamento da Alameda Barros. Gosto de muitas coisas no meio da fumaça de ressentimento e poluição.
Ontem eu senti que o mundo tinha que acabar a começar de novo. É uma ideia infantil, estúpida, mas se eu fosse Deus iria analisar a ficha de cada ser vivente e ver se ainda vale a pena.
Parece que a humanidade se reinventou tanto para chegarmos a idade do medo.
Se eu fosse Deus... É por isso mesmo que não sou...

Um comentário:

Anônimo disse...

É, você perdeu uma das muitas virgindades que SP nos tira rs.

Não fica assim, sei que dói mais no orgulho do que no corpo, mas no fim não vale a pena nem ficar remoendo nem imaginando os pq´s, o destino dos fulanos, etc.

Quero te ver feliz.

Fica bem, continuo torcendo por você sempre.