5 de abr. de 2010

Carne viva




Escrevendo um e-mail para um amigo (dentro da minha definição conturbada do que pode ser amigo), falei que aqui eu ficava em carne viva.

Eu já fiquei em carne viva, mas de uns tempos pra cá eu mal sangro.


Só um momento enquanto eu me desnudo de minha pele politicamente hidrata e correta...


...Eu me tornei um ser de conveniência e me proíbo de falar muitas coisas, falo em códigos e faço piadas internas (só eu rio).

Não faço isso por bem ou por mal. Apenas tive que me tornar isso à medida que progredi profissionalmente - fato é que a internet, como terra de todos e, portanto, de ninguém, possibilita que qualquer um possa me ler, inclusive alguém que eu esteja criticando.

Eu não minto aqui. Eu não digo o que não sinto e, por conta disso, passo tanto tempo sem postar nada. Sei que se eu escrever o que eu estou sentindo naquele dia de fúria, acabarei fazendo menções claras a alguém (minha raiva, meu ódio são muito poderosos e me dominam de tal forma que eu perco o meu raciocínio - fundamental na hora de dizer-sem-dizer coisas ruins sobre uma situação ou alguém), o que pode me prejudicar.


Acho que essa "trava social" é um desserviço ao meu blog, porém é ela que torna um ser sociável, político e, em certa medida, agradável.



Estamos vivendo um momento muito estranho e confuso com relação ao politicamente correto. Ele - o politicamente correto - é algo excelente e que colabora para uma maior tolerância, pois é um exercício de alteridade. Mas o politicamente correto está se impregnando em campos que, a meu ver, distorcem a realidade e o humor.



No Twitter há uma grande discussão sobre o "Humor do bem". O Danilo Gentili, num certo dia, fez uma piada "de mau gosto" com a Hebe, o que acarretou milhões de tweets de críticas.Os humoristas se uniram para se defender - por meio de piadas - e defender uma causa maior: o direito ao riso.



Não vou entrar em discussão aqui, mas acho um saco sermos censurados pelo politicamente correto. Por isso, eu tenho evitado me expor, como era de meu gosto, por aqui.



Ressalto que, não é porque eu não fico mais em carne viva, que eu minto. Apenas deixo para sangrar entre as quatro paredes de meu quarto - um lugar bagunçado, quente e a salvo do politicamente correto e das críticas de quem, mesmo sem me conhecer, se sente no direito de me corrigir.



Ao invés da tequila, tenho ficado com a coca-cola, mas vou tentar doar uma gota de sangue a mais para esse copo sem fundo.

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